segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Indo de "Onde" para "Lugar algum"




Talvez não conviria colocar este post logo na sequência do último texto. Mas, a vida é feita mesmo de paradoxos.  De paradoxos que nunca se acabam.

Não fosse o lindo anel que ganhei dos meus pais e que carrego comigo para todos os lugares, era bem capaz de se esvair de mim tudo que vivi na universidade, com relação ao conhecimento que acreditei ser tão transformador, tão inspirador e poderoso. Porque é apenas quando o vejo em mim e me fixo profundamente no roxo de sua pedra, lembro-me de que houve, nas noites e noites constantes que fiquei sem dormir, nos finais de semana que abdiquei, uma grande dedicação, um grande esforço, um constante empenho para resultar... no que sou hoje, no que me tornei enquanto pessoa e na minha maneira de ver e interpretar o mundo. Foi bom para meu crescimento pessoal, mas foi tão pessoal que ninguém alheio o mim foi capaz de notar. E assim me contento às vezes, como admirando uma pérola que ficará para sempre dentro da concha.

Já cansei de acreditar que tudo mudará um dia por esforços, que pra mim já se tornaram mais que repetitivos e cansativos. Talvez eu seja como Sísifo* mas esteja pagando por algo que infelizmente não sei o quê, executando um trabalho monótono, repetitivo e emburrecedor, cuja barreira de ascensão já se tornou completamente intransponível.

Talvez eu tenha feito milhões de escolhas e talvez todas elas foram erradas.

O fato é que, mudam-se os protagonistas, mas o enredo é sempre o mesmo. Adicionam-se peripécias e personagens, modificam-se o espaço e o tempo, mas a tragédia é exatamente a mesma.
Talvez seja mesmo um carma. Uma sina... e seja mesmo irrefutável.  

Será que ainda existe, nem que seja numa vida espiritual, a possibilidade de que eu consiga outro papel nessa trama? Eu não tenho religião, mas bem provável se eu tivesse, haveria no céu ou no inferno algo chamado “recepção”, para que eu permanecesse lá... ad infinitum.


E assim continuo... Caminhando de “onde” para lugar “algum”.


* personagem da mitologia grega, que por ter desafiado os deuses, foi condenado a repetir por toda a eternidade a mesma tarefa de empurrar uma pedra de uma montanha até o topo, só para vê-la rolar para baixo novamente.